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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Wikileaks pessoa-física, por favor".

São muitos os assuntos que deveriam ser lembrados numa retrospectiva do ano que já está em seu final. Todavia, nenhum acontecimento foi tão importante e bombástico quanto as revelações do sítio eletrônico Wikileaks, criado pelo australiano Julian Assange.
Este site, que se interessa por assuntos sigilosos da política internacional e seus representantes, é o responsável pelo imenso estrago que manchou ainda mais a reputação dos Estados Unidos da América, país que sempre se pretendeu "o berço da democracia e da liberdade individual e de imprensa".
Sem querer exagerar, mas já o fazendo, entendemos que as revelações do Wikileaks poderiam ser consideradas as mais adequadas razões para a explosão de uma nova guerra em escala mundial. Isso porque as revelações daquele site confirmam o que até aqui foi considerada apenas como uma "teoria da conspiração" ou como o despeito de um bando de "comunistas enrustidos".
Pelo Wikileaks, confirmamos de forma documentada tudo aquilo que só acessávamos pelos discursos de alguns pensadores considerados "dinossauros de uma política vermelha". Prova disso é que o site de Assange nos colocou diante de uma política estadunidense que não mede esforços para provar o improvável; se uma investigação não confirma a existência de armas químicas no Iraque, por exemplo, pior para a investigação e para os investigadores, pois basta que um helicóptero dos Estados Unidos mate mais alguns civis - entre jornalistas, intelectuais e pacifistas - para que uma teoria do medo se estabeleça e referende uma invasão criminosa e mentirosa em terras que deveriam ser soberanas no Oriente Médio.
Também descobrimos pelo site de Assange que a soberania dos povos só existe no papel, pois os Estados Unidos é que ditam as regras sobre o que é importante para o sustento deles tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Aquilo de que eles disserem "é nosso" acaba sendo considerado como ponto estratégico deles e nem se fala mais nisso.
O mais curioso é que o Wikileaks também nos fez entender que este é um planeta a serviço de Mamon, pois a força da grana falou tão alto que acabou por patrocinar a soltura de um terrorista pela Grã-Bretanha para que o seu país de origem, a Líbia, não cancelasse um acordo sobre petróleo e gás com a terra da rainha. Como vemos, quem manda é o dinheiro e não qualquer senso de justiça ou verdade.
Com tudo isso revelado pelo Wikileaks, é claro que não se poderia esperar algo diferente do que já aconteceu; Julian Assange está preso, acusado de estupro na Suécia, país onde o sexo sem proteção de preservativo é um tipo leve de estupro. Se não fosse dono da "pedra no sapato" em que se tornou o Wikileaks, estaria soltinho soltinho. Mas, como se tornou a "mosca na sopa", terá de amargar quatro anos de reclusão, se condenado. Mas o bom nisso tudo é que não se consegue prender ideias. Prendem Assange, mas suas ideias voam cada vez mais longe, ainda que os Estados Unidos tenham retirado seu site do ar, obrigando-o a ganhar hospedagem na França, na Suíça e na Alemanha.
Se não podemos mensurar os ganhos e os estragos que o sítio de Assange ainda trará, ao menos podemos nos inspirar na belíssima ideia, sonhando com um Wikileaks pessoa-física. Por este sistema, ficaríamos sabendo o que as pessoas realmente pensam sobre nós, sem as máscaras sociais que teimam em esconder uma humanidade adoecida pela mentira e pela falsidade.
Pensemos no grande ganho: descobriríamos na hora quem são os falsos profetas e nossas igrejas ficariam prontas para o ensino e a prática do bom, do justo e do melhor do mundo! Em termos ainda mais práticos, com um Wikileaks pessoa-física conseguiríamos ler os "telegramas secretos" do Marco Feliciano, do Silas Malafaia, do Jabes de Alencar, do Manoel Ferreira, do Edir Macedo, do RR Soares, do Waldomiro Santiago, do Miguel Ângelo e de tantos outros! Já pensaram no ganho que isso traria para a igreja cristã e para a humanidade como um todo?
Com um Wikileaks pessoa-física correríamos um risco que se mostra um tanto quanto interessante: a igreja evangélica e as convenções de suas denominações correriam o maravilhoso risco de se tornarem cristãs!

liberdade, beleza e Graça...